A Esclerose Sistêmica e o Acometimento do Trato Digestivo

A Esclerose Sistêmica e o Acometimento do Trato Digestivo

A esclerodermia, termo derivado de “skleros” (duro) e “derma” (pele), é uma doença caracterizada pelo endurecimento da pele e dos órgãos internos, além do comprometimento dos pequenos vasos sanguíneos e pela formação de anticorpos contra estruturas do próprio organismo, conhecidos como auto-anticorpos. Esta doença afeta pessoas de diversas partes do mundo, mas sua causa permanece desconhecida.

Pacientes que sofrem de esclerose sistêmica frequentemente apresentam sintomas relacionados ao comprometimento do trato digestivo, com o esôfago sendo o órgão mais frequentemente afetado.

O envolvimento do trato digestivo ocorre devido à modificação na camada muscular, que sofre deposição de colágeno, resultando em fibrose e prejudicando o movimento peristáltico. O movimento peristáltico é responsável por empurrar o alimento ou o bolo alimentar da boca em direção à parte final do intestino, o reto.

Manifestações do envolvimento esofágico:

Um sintoma comum é a dificuldade em engolir os alimentos, conhecida como disfagia, com a sensação de que o alimento está retido em algum lugar entre a boca e o estômago. A deposição de colágeno no tubo digestivo impede o avanço da comida. Além disso, os pacientes podem se queixar de queimação ou azia, bem como tosse, devido ao refluxo de ácido do estômago para o esôfago, causado pela incompetência do esfíncter inferior do esôfago. Para aliviar esses sintomas, é aconselhável evitar alimentos e bebidas que agravam o refluxo, como álcool, cafeína, chocolate, frituras, comidas gordurosas, alimentos apimentados e cebola. Comer devagar, em pequenas porções e mastigar bem os alimentos, além de tomar pequenos goles de água, são medidas que podem ajudar a reduzir o refluxo. Elevar a cabeceira da cama usando tijolos ou tacos é uma solução simples que ajuda a prevenir o refluxo durante a noite. Em alguns casos, a administração de medicamentos para prevenir o refluxo é necessária.

Manifestações do envolvimento do estômago:

Pacientes podem experimentar uma sensação de plenitude gástrica ou saciedade precoce com pequenas porções de alimentos devido à lentidão no esvaziamento gástrico. Os sintomas comuns incluem náuseas, indigestão e eructação. No estômago, podem ser observados vasos sanguíneos dilatados, chamados telangiectasias, que têm o potencial de sangrar, resultando em uma condição conhecida como “estômago de melancia”. Perda de apetite e perda de peso também podem ocorrer.

Manifestações do envolvimento intestinal:

Pacientes com comprometimento intestinal podem experimentar tanto diarreia quanto constipação com a mesma frequência. A diarreia pode ocorrer devido ao crescimento excessivo de bactérias que normalmente habitam o intestino. Quando a movimentação intestinal é severamente comprometida, as fezes podem ficar retidas, levando à obstrução intestinal, que requer tratamento médico imediato. Em estágios mais avançados da doença, a incontinência fecal, uma complicação rara na qual ocorre a perda involuntária de fezes, pode ocorrer.

A esclerose sistêmica é uma condição desafiadora que afeta não apenas a pele e os órgãos internos, mas também o trato digestivo, causando uma série de sintomas que impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Portanto, é fundamental que os pacientes com essa condição sejam acompanhados por médicos especializados, como reumatologistas e gastroenterologistas, para o devido gerenciamento das complicações digestivas. Além disso, a pesquisa continua em busca de melhores tratamentos e compreensão dos mecanismos subjacentes a essa complexa doença.